terça-feira, 30 de junho de 2009

Resenhas

Resenha do texto: A construçao do conheceimento sobre a escrita.
Autoras: Ana Teberosky e Teresa Colomer.

As autoras tratam neste capítulo da escrita sob o ponto de vista da criança que aprende a ler e a escrever. Elas analisam os conhecimentos que a criança desenvolve sobre os princípios de organização do material gráfico, a função dos nomes e do nome próprio no material escrito. Também se estuda a forma em que a escrita representa a linguagem, e a relação entre escrita e leitura, bem como a conceituação sobre valores sonoros convencionais sobre as unidades de linguagem implicadas na escrita como, por exemplo, o conceito texto ou palavra.
Antes de aprender de fato o alfabeto a criança começa a diferenciar desenho de escrita, sendo assim ao aprenderem o que se pode ler, elas elaboram hipóteses sobre a combinação (tema que foi relatado no texto anterior) e a distribuição das letras. É daí que vem a famosa frase dos pequenos neste período: “Isso serve pra ler!”.
As crianças respeitando esses critérios distinguem textos que tem poucas letras e textos que servem para ler que para estas devem ter o mínimo de três ou quatro caracteres, elas também excluem as palavras que possuem letras repetidas, pois para elas não se pode ler “pois esta tudo igual”. No entanto várias letras combinadas com pelo menos uma certa alternância, são consideradas como legíveis.
Apropriadas destes dois princípios organizadores as crianças conseguem fazer uma progressiva diferenciação do material impresso, em termos de “nada mais do que letras” ou “todas iguais” e “algo que serve para ler”, cabe ressaltar que essas hipóteses são construídas pelos alunos naturalmente, haja vista que nenhum adulto explica essas regras gráficas.
Partindo do principio de que a criança já entende as condições necessárias para efetuar a leitura é possível perguntar se o texto diz algo, as crianças pequenas não conseguem entender tal pergunta, pois para elas o texto não é algo simbólico, ou melhor, dizendo ele não diz nada. Só as crianças com quatro anos conseguem compreender tal questionamento, dando resposta verbal. A essas crianças é atribuído o potencial denominado intencionalidade comunicativa. Para as autoras essa atribuição indica a compreensão destas crianças das características que derivam do fato de a escrita ser um sistema simbólico com significado lingüístico.
As escritoras falam da hipótese do nome, que é aquela em que o pequeno pensa que tudo o que se escreve é substantivo e/ou nomes próprios/ ele supõe que a escrita se limita a função de denominar os objetos presentes na imagem ou no contexto, para elas o texto diz “o que é” o objeto. É nesta época que o professor executando seu papel de ensinar deve criar mecanismos para demonstrar que a escrita é muito mais, que ela vai além de nomear as coisas, que dar nomes as coisas é apenas uma das diversas funções da escrita. O universo da criança deve estar cercado de letras, neste período ela deve encontrar a sua disposição os mais diferenciados tipos textuais e gêneros textuais também.
Um fato encontrado no texto, muito interessante é que desde muito cedo as crianças podem usar mudanças sintáticas para criar hipóteses sobre o significado de palavras, e fazer a diferença entre um nome, substantivo comum e um nome substantivo próprio. Para a criança de 24 meses quando colocamos o artigo na frente de algum nome este se torna alguma coisa, um objeto, e quando este mesmo nome é falado sem o artigo este se torna um nome próprio.
As autoras afirmam que, no campo do escrito, a informação sintática serve para designar um desenho e o escrito. È destacado no texto a perturbação que os espaços em branco, encontrados no texto, causam as crianças que ainda não possuem autonomia no ato da leitura. Elas não conseguem entender a função dos espaços em branco e ainda por cima não imputam representação gráfica independente às palavras com funções gramaticais, tais como artigos, pronomes entre outros. Mais uma vez o educador deverá se colocar afim de que essa perturbação seja sanada, este deve demonstrar a seus pequenos alunos que o espaço em branco indica que uma palavra acabou e a outra esta começando, que ele destaca uma palavra da outra. Caberá ao professor definir a importância do espaço em branco de modo que seus alunos avancem esse estágio de perturbação e compreendam a função que é atribuída ao espaço em branco.
Uma outra hipótese que os pequenos desenvolvem é a diferenciação entre “o que está escrito” e “o que se pode ler”. Essa hipótese se refere ao nível interpretativo da criança. As autoras dão a dica, se perguntarmos a uma criança: “O que é?” e “O que diz?” Ela responderá a primeira questão um “boneco” e a segunda “boneco”.
As autoras colocam que se um adulto lê algo de forma contínua sem assinalar as partes, as crianças conseguem memorizar os substantivos presente nesta frase, e assim aos poucos conseguem ler a oração por completo.
No esforço de escrever uma palavra às crianças mediante a repetição vão tomando noção das sílabas, assim elas saem da etapa da escrita pré-silábica e vão para a etapa da escrita silábica. Para as autoras é através do procedimento de segmentação da palavra em silabas que a criança inicia um trabalho cognitivo com a apresentação dos sons e chega a compreender que as letras remetem às partes da palavra, ou seja, às sílabas. È notório o fato de que a grande maioria das crianças descobre primeiramente o valor sonoro das vogais, no momento em que a criança consegue fazer a analise interna da sílaba, ela passa para uma nova etapa denominada escrita silábico-alfabética. Depois ela faz uma representação de todos os componentes sonoros da escrita alfabética.
Segundo o texto entre quatro e cinco anos as crianças demonstram uma representação da linguagem escrita precoce, sendo assim conseguem fazer a distinção entre a linguagem de conversação e a linguagem escrita. Será na a prática com textos que os pequenos vão se acostumando com os espaços em branco, que antes eram motivo de incomodo, como foi tratado nesta resenha, é também com a prática que eles vão aprender a separar palavras gráficas e vão construir texto como unidade.
Para a orientação cognitivista em primeiro lugar era preciso realizar a aprendizagem de habilidades de codificação, até que se conseguisse a automatização do código, e depois era feita de fato a compreensão, separando desta maneira o processo de aprendizagem entre “aprender a ler” e “entender o que se lê”. Ao processo de “aprender a ler” compreende as relações entre fonemas, grafemas e o reconhecimento das palavras. Logo depois no momento nomeado “compreender o que se lê”, ocorria uma integração no pensamento, onde o lido iria ganhar sentido, iria ser interpretado de fato.
Somente a perspectiva construtivista oferece uma relação que integra o processo sob o ponto de vista da criança, desde uma análise de linguagem e da natureza da escrita, bem como desde a consideração das práticas culturais nas quais ocorre a alfabetização.
Nós professores devemos tornar o ambiente escolar a extensão da casa do aluno, afim de que ele consiga aprender imerso a sua realidade, daí a importância de trabalhar com as situações do ordinário de cada um, trabalhando sempre com objetos que eles vêem a todo o momento, o professor não necessita de materiais didáticos caríssimos para realizar um bom trabalho, ele deve se ater a força de vontade nutrida pela sua criatividade, assim ele colocará todo seu conhecimento em vigor e obterá êxito. O lúdico na hora do aprendizado é essencial, porém caberá ao professor usar a ludicidade com objetivos implícitos,se o lúdico for utilizado somente para sair da rotina, não valerá a pena.


Resenha do texto: Os problemas cognitivos envolvidos na construção da representação escrita da linguagem.
Autor: Emilia Ferreiro

No presente texto Emilia Ferreiro indica que há muitos problemas cognitivos no que se refere ao desenvolvimento da leitura e da escrita, entretanto ela se propõe a aprofundar-se sobre um. O que se refere à relação entre o todo - que é a escrita completa, e as partes que o constituem – que é a cada letra ou grafema equivalente.
A autora fala que repetidas vezes as crianças por ainda não terem certa noção de quantidade de letras apontam seu nome completo onde apenas está escrito seu primeiro nome e que às vezes também apontam seu nome em qualquer parte da palavra. Mais tarde quando os pequenos já têm uma noção de quantidade de grafia eles podem obedecer a certo critério, desta forma se foi pedido a criança para escrever a palavra BOLA embaixo do desenho e se tiver quatro bolas esta poderá escrever quatro letras, fazendo assim uma associação ao numero de bolas e a quantia de letras a serem usadas. Nesse caso cada letra representara um objeto e o todo representara o plural.
As crianças neste período desenvolvem um pensamento matemático, é como se estivessem resolvendo um problema, quantas letras usarem para representar determinada palavra e não o que se espera em se tratando de língua portuguesa, onde o pensamento seria qual(is) letra(s) vou usar para representar determinada(s) palavra(s). O certo é que as crianças devem resolver tanto problemas de correspondência quantitativa quanto problema de correspondência qualitativa.
Ferreiro deixa claro que ao mesmo tempo em que a exigência interna de quantidade mínima “cumpre a função de manter uma escrita como um composto de partes”, outra exigência interna auxilia no mantenimento de distinções qualitativas, quer dizer uma palavra não pode ser expressa através de uma única letra e uma escrita não pode apresentar a mesma grafia mais de duas vezes, assim com apenas uma letra se repetindo varias vezes não se podem obter algo “legível”. Este é o princípio de “variação interna” que vai irmanado ao princípio de quantidade mínima. O principio de variação interna ajuda a distinguir as partes entre si, entretanto não resolve o problema da função destas partes em relação ao todo, este principio aplica-se a dois níveis: o nível de uma dada escrita, evitando a repetição da mesma letra mais de duas vezes e ao nível de um conjunto de escritas relacionadas. Segundo a autora, neste ultimo caso a exigência é a de não ter duas vezes a mesma seqüência de letras, pois é necessário ter uma diferença objetiva para que se atribua diferentes modos de esclarecimento do sentido. A mudança qualitativa que se observa neste esclarecimento, a qual tem a grande consideração ocorre quando a criança começa a pensar que não se pode ler as coisas diferentes com séries idênticas de elementos gráficos. Isto tem grande valor porque os meios para diferenciar séries de letras relacionadas são às vezes muito limitados, e indubitavelmente, a busca de coerência interna é tão forte que, ao procurar resolver este problema, as crianças vão mais além do que se espera neste período.
Um grande processo cognitivo que a criança realiza é o de que esta possui pequena variedade de representação de letras, como exemplo apenas quatro letras e ela sabe que uma palavra para ser legível necessita de no mínimo quatro letras, ela organizando seu pensamento ao escrever diversificadas palavras trocará o posicionamento das quatro letras que conhecem de co, este é um grandioso passo para os pequenos entre quatro e cinco anos de idade, por que como salienta Emília é o germe da combinatória ( que como é bem conhecida, é uma das aquisições que dá característica ao período das operações formais, ou seja, algo que em média ocorrerá seis ou sete anos mais tarde.
A autora relata que no apogeu da “hipótese silábica” a criança necessita de letras diferentes escritas, tanto quanto necessitam de letras diferentes para diferentes escritas, tanto quanto necessitam de letras diferentes para única palavra. Elas encontram uma forma de resolver o problema da relação entre as partes e o todo, para saber como escrever um nome, começasse por contar as silabas e logo se põem tantas letras diferentes quantas silabas houver; cada letra representa uma sílaba, as letras ordenadas representam as sílabas ordenadas da palavra. Contudo, esta solução excelente será reiteradamente desmentida pela experiência.
Para a autora o sistema de escrita que a criança encontra no mundo circundante não se resume a este esquema assimilatório, é uma coisa mais complexa, ela compreende o que faz mais não o que os outros fazem e não podem compreender a informação que recebe. Tudo o que for recebido neste dado momento pode ser perturbador e esta perturbação pode fazer com que os pequenos deixem de lado, compense localmente ou assimile. Quando conseguem realizar a assimilação elas abandonam a “hipótese silábica” e sobre bases alfabéticas constroem a escrita, mais isso leva um certo tempo.
A autora finaliza falando este tipo de análise do qual ela se dedicou a fazer em relação ao todo e suas partes também pode ser feita no caso de muitos outros problemas cognitivos, envolvidos no desenvolvimento do sistema de escrita.



Resenha do texto: Práticas de Linguagem oral e Alfabetização Inicial na Escola: Perspectiva Sociolingüística.
Autor: Erik Jacobson.

O autor Erik Jacobson sobre a perspectiva sociolingüística identifica um grave problema que atinge a grande maioria das escolas, o fato de que muitas dessas aparentam ser um ambiente a parte, onde o aluno ao entrar deve deixar tudo o que vivência de lado e embarcar nesse local onde o diletantismo se apresenta de forma marcante.
No decorrer do texto Jacobson salienta as diversas formas nas quais podem ser organizadas as práticas de leitura e escrita, quer dizer as chamadas “múltiplas alfabetizações”, onde o professor e (ou) o investigador procuram entender os usos da leitura e da escrita do discente no contexto do costume em sua comunidade e não apenas centrar-se na habilidade de codificar e decodificar. A alfabetização deve ser encarada como prática específica.
Para que o aluno consiga aprender verdadeiramente, cabe a escola alfabetizar letrando, ou seja, a escola deve levar o indivíduo a aprender compreendendo a finalidade deste aprendizado, o conteúdo programático deve estar ligado com sua realidade. Desta forma é papel da escola considerar sua bagagem cultural e conhecer um pouco da comunidade de onde este se oriunda.
Se o aluno vem de uma realidade onde seus pais são analfabetos e se vivem em comunidades carentes onde ele não tem exemplos de leitores e escribas, onde há presença de pessoas semi-analfabetas que muitas vezes não sabem falar de maneira polida, consequentemente ele não falará corretamente e muito menos escreverá bem, visto que escrevemos muitas das vezes do modo como falamos. Caberá a unidade escolar através da prosódia instruir o alunado, demonstrando que a língua portuguesa é vastíssima. A escola jamais deve desconsiderar o capital cultural do aluno, muito pelo contrário ela deve dar base para que este descubra a beleza de sua língua materna, demonstrando as diferentes formas como a língua (no caso a portuguesa) pode ser usada em distintas situações, muitas vezes temos que ser bilíngües em nossa própria linguagem oral. Esse é o verdadeiro sentido da escola: educar!
Quando o universo da leitura e da escrita não faz parte do cotidiano do aluno e a escola não faz nada para ajudá-lo a superar tal defasagem e obter um bom desempenho escolar, e ainda por cima o trata como problema quando este não atinge os parâmetros exigidos por esta, com plena convicção não é o aluno o culpado e sim a comunidade escolar que não soube se adequar para suprir tais limitações, e desenvolver inúmeros mecanismos para desenvolver o potencial desse aluno.
Jacobson chama a atenção para o modo como a sociolingüística pode aumenta a sensibilidade dos professores, em se tratando da relação em que a utilização da linguagem dos alunos e as esperanças das escolas podem se diversificar e o conteúdo político que define e avaliam essas tais diferenças. Na alfabetização os alunos devem aprender a dominar os aspectos psicolingüísticos e a sociolingüística da leitura, a fim de converter-se em bons leitores e bons escritores.
O autor ressalta que as reações dos alunos as diferentes estruturas no que se refere às atividades de leitura pode apresentar impactos no progresso escolar, sendo assim a forma com que em casa o aluno é estimulado a ler poderá ajudá-lo ou não na leitura em sala de aula. Se em seu lar o aluno não encontra livros apenas jornais, o professor conhecendo essa realidade poderá utilizar esse gênero textual em sua aula, o que favorecerá muito na hora do aprendizado.
Na maioria das vezes a escola dita qual idioma é o mais importante para seus alunos, excluindo assim os demais, pois para esta não fará diferença alguma na vida do aluno seu aprendizado. O autor critica tal atitude dizendo que ao invés de reduzir a variedade de línguas aceitáveis para a aprendizagem da leitura e da escrita, as escolas deveriam ter uma visão mais ampla, promovendo assim a alfabetização bilíngüe.
Segundo Jacobson quando o profissional da área de educação se mostra como exemplo de leitor e escriba estará dando um presente aos seus alunos e quando estes criam atividades onde o aluno consegue aprender sem ter cobrança, de forma lúdica, sem serem coagidos e sem “estresse”, esse espaço criado inteiramente pelo professor se tornará solo fértil onde o conhecimento crescerá e florescerá levando os pequenos a serem em um futuro próximo cidadãos com um cognitivo desenvolvido e o mais importante completamente autônomos.
A escola deve ser o momento de socialização de conhecimento diversos, seja ele conteúdo programático ou algo que está acontecendo na atualidade ou no entorno escolar. Jacobson salienta que um simples fato pode auxiliar grandiosamente no aprendizado, ele dá a dica quando diz que as pessoas adultas deveriam dialogar com esses meninos e meninas sobre a importância da literatura e sobre ler e escrever.
O autor finaliza o texto demonstrando como assuntos de etnia, cultura ou classe social estão completamente ligados ao contexto da linguagem e as formas de alfabetização, ele relata que os educadores deveriam desenvolver um sentido critico de como o poder exercido com e sobre a linguagem explica os processos de leitura e de escrita tanto no interior quanto fora do ambiente escolar. Com a linguagem nos temos poder, por isso na escola deve-se aprendê-la para nos socializarmos e evidenciarmos nosso papel social nesta sociedade, que se apresenta infelizmente excepcionalmente arraigada de preconceitos e valores invertidos. O autor se despede reforçando a esperança dos educadores que ainda sim com todos os problemas existentes podem com seu trabalho realizar a mudança, a real transformação, fazendo com que o perfil dessa sociedade seja melhorado. É preciso educar para a emancipação, os pequenos que serão nosso futuro deveram ter uma boa base, do contrário a situação só se agravará de forma que uma hora não terá mais jeito.